segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Há uma casa em nossas almas.


Encaixes perfeitos de personalidade, corpo e alma. Ambos se completavam de uma forma intensa e encantadora. A forma como ele a olhava arrancava sorrisos dela que o deixavam envergonhado. Os dois, acostumados com a solidão, fizeram dela um argumento para se aproximarem. Nunca foram de muitos amigos ou amores, pelo contrário. Eram reclusos, reprimidos e preferiam chás e livros à uma boa festa com pessoas vazias. Quando cruzaram seus olhares se reconheceram logo de cara; tinham sido feitos um para o outro.

Uma casa com piso de madeira, livros, café, chá, bebidas, contas em dia, um jornal qualquer para escrever, situação financeira fixa, uma gata e um gato. Perfeição. Essa era a vida deles e não precisavam de mais nada. Os dois se completavam na hora do sexo e do amor. A forma com que ele a pegava pelo cabelo era perfeita para a forma como ela o segurava contra o seu corpo. Brigas eram normais como em todo casal, mas os dois tinham maturidade o suficiente para saberem lidar com elas. Elas aqueciam o relacionamento de alguma forma. Eles se aqueciam.

O clima natural era o frio, o que tornava o local propício para se esquentar em frente à lareira agarrados. Tinham a banheira que sempre desejavam e o passado dos dois parecia ser absolutamente igual. Eles dormiam contando histórias ou lendo livros um para o outro. Era romântico.

O gosto musical, literário e vários outros era o mesmo, ou ao menos parecido. Ele tocava seu piano maravilhosamente bem enquanto ela tocava o seu violão de uma forma perfeita. Quem os via de longe provavelmente pensaria que a rotina dos dois era cansativa, mas a química que corria entre seus corpos era tão intensa que a idéia de um dia aquele relacionamento ficar chato nem passava pela cabeça deles.

Esse era o modo que preferiam viver: na monotonia confortável de uma vida que para eles era eterna. Não se preocupavam com o amanhã; tendo um ao outro, o presente era apenas o que importava. Eles eram como o calor e o fogo; o frio e o gelo. E assim pretendiam morrer. Juntos e inseparáveis.

“A eternidade ainda é pouco para nós”.

6 comentários:

  1. O mais tranquilo de todos, mas não menos intenso. Quem é vc garota? Onde vc mora?

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  2. Verdade !
    O mais sereno dos posts até agora. Mas igualmente agradável; ou para algumas pessoas até mais do que os anteriores.
    A condução da apresentação é tranquila, sem ansiedade, quase atemporal. Revelando de uma forma inconsciente como um bastava para o outro, acima mesmo dos argumentos expostos.
    Novamente a forma de se expressar é cativante.
    Abraços Brenda !

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  3. Muito visual, perfeita linha de tempo de dois personagens!
    Fiquei com vontade de saber mais da história!
    Acho que é isso... Adorei. Minha singela consideração: Já pensou trabalhar este texto, como um roteiro para cinema?
    Eu adorarira produzir!
    Abraços

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  4. Adoro o modo como você transmite as emoções. Esse texto tranquiliza e aquece, e é tão doce, mas não enjoa.
    Você tem o dom da escrita.

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  5. Achei maravilhosos os dois últimos textos. Principalmente "Brigas, sexo e lágrimas." Perfeito pro que vivo no momento.

    Visite e diga se gosta:
    http://identidadepeculiar.blogspot.com/ Vou seguir teu blog e indicar :*

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  6. Sua versatilidade para discorrer sobre assuntos assim tão diferentes é impressionante, Brenda. Vai do sexo selvagem à conexão sublime. Parabéns.

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