quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Uma frequência que só a gente sabe.


Há um bom tempo descobri esse meu desejo íntimo por mulheres. A forma dos seios, da bunda, das coxas, da cintura: tudo me atraía de uma forma que eu não sabia explicar. Até hoje eu me agradeço por ter descoberto essa vontade louca no tempo certo. Talvez meus pais nem meus amigos – imaturos demais – iriam “suportar” essa revelação tão forte.

Ela está lá e eu aqui. Acordamos sem nos falar e ela tomou rapidamente o seu café indo direto ao banho. O corpo dela é exuberante e exagerado e consegue me fazer ir a loucura apenas por rebolar. Há dias não fazemos nada e eu resolvi ir atrás dela, observar o sabonete percorrer por todo o seu corpo e me imaginar no lugar dele. Parei, fiquei na porta. Olhei. Lindo rabo.

— Quer alguma coisa aqui? – arqueou as sobrancelhas, me olhou desconfiada e deixou a água quente percorrer todo o trajeto que deveria até fazer barulho ao cair no chão.
— Você sabe que sim. – a olhei com um olhar provocante e fui até ela. Eu estava apenas com calcinha e não foi tão difícil pros nossos corpos se tocarem.

Começou com um beijo quente, intenso. Puxei o cabelo dela e comecei a sugar lentamente seu pescoço, descendo pros seios fartos, ficando um bom tempo ali e deixando em sua barriga algumas marcas. Cheguei ao lugar tão merecido. Parei, admirei, toquei levemente com a língua. Ela já deveria estar sentindo algum tesão com a água quente correndo pelo seu corpo, mas nada que se compare ao que minha língua poderia fazer. Levantei uma perna e comecei a sugá-la com uma certa força. Fui lambendo os pontos estratégicos que já conheço de cor no corpo dela e a levei ao extremo prazer.

Parei, levantei, esperei que ela fizesse o mesmo. Fez. Sugou-me como sempre, me levou a loucura, arrancou gemidos de mim e quase me fez gozar. Demos sorte que o banheiro é grande. Deitou-se no chão, me chamou com o dedo indicador e eu não agüentei: coloquei uma coxa por cima e a outra por baixo e comecei a roçar nossos corpos. Essa sensação sim é indescritível e perderia todo o encanto se eu tentasse falar como é. Só sei que nosso encaixe é perfeito.

Nossa sincronia é tão estranha que ambas gozamos quase no mesmo tempo, no mesmo momento da respiração. Ela gritou, me arranhou, me levantou, me beijou, me mordeu e me apertou mostrando que o meu corpo é o que ela sempre desejou. E assim ficamos: deitadas embaixo do chuveiro, nossos corpos aquecidos pelo suor, nossos corações batendo numa freqüência igual e o corpo dela em cima do meu.

Lindo rabo.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Há uma casa em nossas almas.


Encaixes perfeitos de personalidade, corpo e alma. Ambos se completavam de uma forma intensa e encantadora. A forma como ele a olhava arrancava sorrisos dela que o deixavam envergonhado. Os dois, acostumados com a solidão, fizeram dela um argumento para se aproximarem. Nunca foram de muitos amigos ou amores, pelo contrário. Eram reclusos, reprimidos e preferiam chás e livros à uma boa festa com pessoas vazias. Quando cruzaram seus olhares se reconheceram logo de cara; tinham sido feitos um para o outro.

Uma casa com piso de madeira, livros, café, chá, bebidas, contas em dia, um jornal qualquer para escrever, situação financeira fixa, uma gata e um gato. Perfeição. Essa era a vida deles e não precisavam de mais nada. Os dois se completavam na hora do sexo e do amor. A forma com que ele a pegava pelo cabelo era perfeita para a forma como ela o segurava contra o seu corpo. Brigas eram normais como em todo casal, mas os dois tinham maturidade o suficiente para saberem lidar com elas. Elas aqueciam o relacionamento de alguma forma. Eles se aqueciam.

O clima natural era o frio, o que tornava o local propício para se esquentar em frente à lareira agarrados. Tinham a banheira que sempre desejavam e o passado dos dois parecia ser absolutamente igual. Eles dormiam contando histórias ou lendo livros um para o outro. Era romântico.

O gosto musical, literário e vários outros era o mesmo, ou ao menos parecido. Ele tocava seu piano maravilhosamente bem enquanto ela tocava o seu violão de uma forma perfeita. Quem os via de longe provavelmente pensaria que a rotina dos dois era cansativa, mas a química que corria entre seus corpos era tão intensa que a idéia de um dia aquele relacionamento ficar chato nem passava pela cabeça deles.

Esse era o modo que preferiam viver: na monotonia confortável de uma vida que para eles era eterna. Não se preocupavam com o amanhã; tendo um ao outro, o presente era apenas o que importava. Eles eram como o calor e o fogo; o frio e o gelo. E assim pretendiam morrer. Juntos e inseparáveis.

“A eternidade ainda é pouco para nós”.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Brigas, sexo e lágrimas.


Ela grita, bate, esmurra, mas não vive sem mim. Eu sei que não. Hoje pegou uma blusa minha onde havia uma marca de batom. Nada demais, beijo de secretária. Desconfiou, gritou, chorou, berrou. Consegue ser chata. Mas consegue ser gostosa. Ficou no quarto por horas, veio aqui na cozinha e me deu um tapa na cara. Doeu, ardeu. Fui atrás dela e a puxei pelo cabelo.

— Quem você pensa que é, hein? — o corpo dela se encostou ao meu. Como é que ela pode ter essa bunda tão grande? Passei meu braço entre seu corpo e o apertei contra mim. — Ou por acaso você está querendo o que eu estou pensando? — dei uma risadinha sarcástica que eu sei que ela odeia.

Tentou se livrar de mim, conseguiu e se jogou na cama. Como aquela vista era linda. Não da cama, mas do short dela. Coladinho no corpo, malha fina. Fui atrás. Deitei por cima, esfreguei, apenas pressionando o corpo dela, deixando-a sobre meu total controle. Dei tapas fortes, apertei a carne. Ela gosta. Passei a minha boca pelas suas costas, senti aquele corpo quente e ela segurar o lençol a cada mordida minha. A chupei. Com gosto, com vontade. Gosto. Como o gosto dela era gostoso.

Saí de cima e fui pra fora. Coloquei pra fora, ela abocanhou. A mandei olhar pra mim. Engasgava, engolia, abocanhava, esfregava. Sabia como me enlouquecer. O modo como ela passava a língua não era normal. O pegava totalmente pra si. Ela é uma cachorra. E como são carnudos esses lábios. Todos.

Tirou a boca, deitou-se novamente na posição inicial. Agora sem short, molhada, suada, me esperando. Fui pra cima novamente. Entrei. É um novo mundo quando eu estou dentro dela. As costas dela em mim, meu tórax nela e o pau na bunda. Tudo se encaixa perfeitamente. Puxei seu cabelo e deixei minha boca bem perto do seu ouvido. E ela sabia o que fazer: gemia o meu nome feito uma puta.

Fodi. Força, vontade, brutalidade, amor, tesão, prazer. Tudo numa transa só. Ainda mais quando é com raiva. Não aguentava e pedia para eu parar. Continuava. Ela merecia, ela gostava, ela queria. E aí nossa respiração foi sincronizada. Ela respirava fundo, eu também. Tudo no mesmo tempo, no mesmo ritmo, na mesma intensidade. Perdi minhas forças, mas continuei. Até o fim. Até ela estremecer, até ela gozar. Gozei também. Nosso suor e nosso gozo se misturando. Prazer, dor, gritos.

Deitei na cama, respirei, olhei pro lado. Lá estava ela: de costas e encolhida. A cobri, saí e fui pra cozinha fumar um cigarro. Tomei um gole de café antes, continuei recuperando toda a respiração que ela tirou de mim. Ouvi choro. Ela estava chorando. Mas dessa vez eu sabia que não era de raiva.

Era de prazer.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Biscoitos para a Saudade.



Três toques na porta. Não foram combinados ou algo assim, ela simplesmente prefere bater três vezes antes de vir me perturbar. Eu sentia que ela estava a caminho. Sempre atraente, delirante, me hipnotizando e me fazendo convidá-la para uma pequena conversa. Abri a porta e ela veio como um furacão.

Dessa vez ela foi rápida. Entrou, se sentou e me olhou nos olhos. Eu simplesmente não sabia o que dizer. A Saudade nunca foi uma pessoa fácil de lidar. Não sabia se ela existia para me fazer querer as coisas que perdi de volta ou se era apenas para deixá-las lá, no passado. Pegou alguns biscoitos do pote em cima da mesa, começou a comê-los e a falar do passado.

— Você se lembra, não lembra? De como você foi feliz? De quantas pessoas você tinha ao seu redor e de como era maravilhoso aquele seu poder de melhorar qualquer situação? Onde foi parar aquilo tudo, hein? O que é que você fez de você? — a Saudade disse friamente, dando uma risada sarcástica no final, voltando a me fitar nos olhos, continuando: — Tantos amores você perdeu, tantas oportunidades você deixou passar... Até parece que eu gosto de te acompanhar por onde você vai. Às vezes me cansa, realmente me cansa ter que ficar te lembrando de como você era especial, de como você brilhava até mesmo sem ninguém. Eu te admirava. Evitava aparecer para não atrapalhar a luz que te rodeava. Hoje? O que é que você é hoje? Perde teu tempo com coisas fúteis, logo você que odiava essas superficialidades. Eu juro que se esse seu orgulho e esse seu comodismo não fossem tão fortes, eu te levaria de volta ao passado. Ou pelo menos tentaria. Mas você escolheu assim.

Ela me conhecia tão perfeitamente bem que dizia coisas intensas, profundas. Fazia-me realmente voltar ao passado, mas somente em pensamentos. O mais admirável é que ela conseguia aparecer de todos os modos: em cheiros, em roupas, em fotos, e até mesmo em músicas. Ela me enchia com toda a sua plenitude e logo em seguida saía, deixando um vazio imenso, aquele gosto de nostalgia que eu sabia que não iria me livrar tão cedo.

E nessa solidão acompanhada de sobriedade e biscoitos, vou sendo acompanhado pela Saudade; esse sentimento que não sabe se vai ou se volta; não sabe se me faz parar ou me faz voltar. Talvez tenha que ser assim. Talvez eu tenha que continuar a ser a coisa monótona que a Saudade carrega em sua mala. Frustrações me deixaram assim, ela deveria tentar me compreender.

Mas a Saudade? Compreensível? Não. Ela apenas vem e vai, inúmeras vezes. Deixando rastros, pegadas, todas as evidências possíveis. Deixando sempre o gostinho especial da Saudade.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tourniquet.


Ele era um porra louca. Daqueles de dizer o que pensa na cara de quem deve. Daqueles de viajar o mundo todo em busca da felicidade, que parecia mudar de estado e país a cada dia, levando-o consigo. E eu gostava disso nele. O modo como ele tratava as pessoas, o modo como ele sorria, o modo como ele fazia das músicas a sua vida. Procurava viver cada instante intensamente.

O nosso momento foi um desses. O conheci num bar e provavelmente irei esquecê-lo em um. Libertou-me da minha rotina pacata e sem brilho e deu à minha vida um novo tom de azul-claro que só seus olhos possuíam. Fez-me um convite inesperado de viajar por vários lugares, conhecer novas pessoas. Ele me encantou tão imensamente que ao me perguntar isso aflorou um dos meus maiores medos: o de ser abandonada. Sabe como é, quando não se tem mais mãe, pai e nem um outro parente a quem recorrer você se sente assim, abandonada. Vivendo por si mesma como se fosse autossuficiente. E nessa minha queda à repressão ele me resgatou e me mostrou como o sol pode brilhar em certos momentos.

Fui com ele. Era uma experiência nova. A cada dia que se passava eu via um novo homem. Talvez eu dormisse com vários homens em uma semana num mesmo corpo. Ele era excêntrico e sabia como me satisfazer. Em todos os sentidos. Financeiro, emocional, sexual. Dizer que ele era perfeito seria exagero. Ele era irritantemente diferente. Opiniões e conceitos que me estressavam, mas que me faziam ver vários outros lados – bons ou ruins – de certos temas.

Viajávamos, conhecíamos pessoas novas. “Você é o que dele?” Ficava sem responder. Ele nunca deixou claro o que eu era dele. Não sentíamos essa necessidade de nos afirmar namorados ou coisa assim. Nós apenas demonstrávamos o que sentíamos em gestos. Maravilhosos gestos. “Vocês pretendem se casar?” Disso eu tinha certeza que não. Formávamos um par perfeito, mas a eternidade só pertencia ao tempo. Casamento é um contrato sério demais para duas pessoas que não querem saber do futuro.

“Mas... vocês pretendem se amar para ‘sempre’, como todo casal quer?” E era nessa pergunta que sempre me pegavam. Eu não sabia o que responder. Ele conseguia mudar de personalidade tão rapidamente que me assustava, me alegrava e ao mesmo tempo provocava-me o medo de ser abandonada por uma pessoa que me completava tanto.

E no fim foi isso que aconteceu. Era o que tinha que ser. Repasso todos os nossos momentos em minha mente como se fosse real, como se eu pudesse tocar o seu rosto e sentir aquela barba mal-feita me incomodando. A paz que ele emanava era para poucos. Talvez eu pertencesse mesmo à repressão. E ele à excentricidade. E se cumpriu o que eu costumava dizer sempre: “Você é demais para esse mundo todo.” Ele tinha algo especial. E Deus – ou morte, ou qualquer outra coisa que você queira chamar – o levou do mundo.

E de mim.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

She's got Bette Daves eyes.





Acabei de acordar e já posso sentir o cheiro de sexo. Fizemos a noite inteira. Eu ainda consigo ficar impressionado com a perfeição que somente ela possui. Sei que perfeição é algo bem relativo, mas ela tem um brilho especial que não me faz sentir nenhum cansaço de tê-la em meus braços. A maneira como ela me olha é única. Ela tem esse ar de sexy, vulgar, puta que usa somente para mim. Adoro o quão sexy ela fica ao usar aquele coque mal arrumado e aquela roupa de executiva dentro de casa. E foi assim que ela estava ontem.

O nosso sexo é animal. Brutal. Gostoso. E isso não significa que não há amor. Há muito amor. Amor até demais. Certas horas penso que não vou agüentar essa mulher, mas lá vou eu novamente introduzir minha pica naquele rabo gostoso. Nós, definitivamente, nascemos para ficar juntos. A maneira como a buceta dela se moldou ao meu pau é encantadora. Como a minha mão fica perfeitamente ajustada naquela carne branca e gorda que é a bunda dela. De como ela fica excitada apenas por sentir o meu pau ereto no seu traseiro enquanto eu puxo seu cabelo e digo o que ela quer ouvir.

Levanta de manhã e já vai fazer o café para mim. Nada de especial, mas sempre dá um jeito de fazer coisas novas e que irão me agradar. A comida dela é maravilhosa. A minha comida nela é maravilhosa. Às vezes penso que não a mereço, mas só por agüentar esse jeito grosseiro e rude de quem não está nem aí eu já tenho meio caminho andado para merecer. Ao longo do dia – seja nas ligações ou em mensagens de texto – ela me trata como se eu fosse um mero amigo dela, mas quando ela chega em casa já está ciente de que irá se derreter inteiramente quando estiver cavalgando em mim e que irá dizer que me ama ínfimas vezes.

O nosso sexo assim. Às vezes carnal, às vezes verbal. Ela adora quando eu a agarro no canto da nossa cama de casal e fico dizendo as putarias que ela gosta de ouvir apenas pela minha boca. Eu a maltrato. Bato, enforco, xingo. E sei que ela adora. Custamos a brigar, mas quando acontece sabemos que no final eu irei prensá-la na parede e fazê-la sentir como uma puta. A minha puta. Obviamente algumas brigas não terminam bem. Ela chora. Muito. Assim como no sexo, no choro ela é histérica. Grita, me bate, me xinga. Chora como se não fosse acabar. E eu, aproveitando a sua fragilidade, a levo pra cama, dou colo, carinho, amor, digo coisas românticas – que até hoje não me canso de repetir e até gosto de dizer – e logo em seguida dou um leitinho especial para ela.

Devo dizer que muitas das vezes eu gosto de coisas leves. Ela é tão encantadora que me faz ficar bobo. A pego pelas costas, de ‘conchinha’, e meto lentamente, apenas sentindo seus músculos se contraindo e a minha rola pulsando dentro dela. Enquanto isso ela começa a dizer que nunca encontrou um cara tão ideal como eu. A considero meio que uma guerreira por me agüentar. Confesso que o meu grau de ironia e sarcasmo são irritantemente estressantes. E é por isso que eu não a largo de jeito algum. Além de ser o par perfeito pra mim, sabe como me amansar e me deixar um completo apaixonado.

Ela não tem noção de como eu adoro tocar sua pele e guardar cada detalhe. Cada textura, cada cheiro, cada gosto. Gravo na mente para caso acontecer de não tê-la mais ao meu lado. Seria um perda e tanto. Mas já nos acostumamos tanto com a nossa rotina que se mudar algo nossas vidas não seriam as mesmas. Não seríamos mais completos. E o pior é que eu já sei como ela irá chegar hoje. Cansada, entediada, maquiagem borrada. Mas sempre me provocando. Esfregando-se no meu pau. E dizendo sempre a frase que eu adoro ouvir vinda da boca dela.

“Me fode.”